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Brasil pode se reposicionar com exploração de terras raras – 18/07/2025 – Igor Patrick

A imagem mostra uma vista aérea de um porto com vários contêineres coloridos empilhados em um cais. À direita, um navio cargueiro está se aproximando do cais, carregando contêineres em sua parte superior. As sombras das gruas e dos contêineres são visíveis na água verde abaixo.

As exportações brasileiras de compostos de terras raras para a China triplicaram no primeiro semestre de 2025, alcançando US$ 6,7 milhões. O dado, divulgado esta semana em relatório do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), ainda representa uma fração modesta do comércio bilateral, mas aponta para algo maior: a possibilidade de o Brasil abrir um novo capítulo em sua relação com a China, centrado em setores de maior densidade tecnológica e valor agregado.

As chamadas terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, motores de carros elétricos, baterias, sensores, telas de celulares, catalisadores industriais e sistemas de defesa.

Com o avanço da transição energética e a reconfiguração das cadeias produtivas globais, esses materiais passaram a ser considerados insumos críticos por diversas economias. Embora relativamente abundantes na crosta terrestre, sua separação e refino exigem tecnologias complexas e cuidados ambientais específicos.

A China domina mais de 80% da capacidade mundial de refino de terras raras, mas vem buscando diversificar suas fontes de suprimento. Pressões ambientais domésticas, restrições comerciais externas e a necessidade de garantir segurança em suas cadeias industriais levam empresas chinesas a buscar fornecedores estáveis e em grande escala. O Brasil, com reservas estimadas de 11 a 21 milhões de toneladas, desponta como um desses potenciais parceiros, ao lado de países como Austrália e Vietnã.

No entanto, apesar da abundância mineral, o Brasil ainda participa com menos de 1% da produção global. Apenas uma mina opera hoje em escala comercial, e a maioria dos projetos em desenvolvimento limita-se à extração e exportação de concentrados brutos, sem estruturas locais de separação ou beneficiamento. Isso impede o país de capturar o valor gerado nas etapas seguintes da cadeia, que são justamente as mais rentáveis e tecnológicas.

A construção de uma cadeia produtiva nacional de terras raras esbarra em entraves bem conhecidos. Os processos de licenciamento ambiental são lentos e fragmentados. Falta uma política pública clara para minerais estratégicos. A articulação entre órgãos reguladores é limitada, e os investimentos em pesquisa aplicada ainda são incipientes. Apesar disso, estudos recentes apontam que o desenvolvimento dessa cadeia poderia adicionar até R$ 243 bilhões anuais ao PIB nas próximas décadas.

Mais do que evitar o erro histórico de exportar apenas matéria-prima, o momento atual oferece a chance de usar a demanda chinesa como alavanca para ampliar a sofisticação da pauta exportadora brasileira. Há espaço para negociar acordos produtivos, atrair investimento em refino, desenvolver tecnologias locais e abrir um novo eixo na relação bilateral. O Brasil pode oferecer estabilidade, recursos e condições ambientais mais favoráveis, desde que apresente também um projeto estratégico.

As terras raras não são apenas uma riqueza geológica, mas também uma oportunidade concreta de reposicionar o Brasil nas cadeias globais de valor, conectando desenvolvimento sustentável, inserção internacional e ambição tecnológica. O país tem as reservas, tem o parceiro e tem o timing. O que falta agora é a decisão.



Fonte ==> Folha SP

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