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Como construí um negócio social com best-sellers no varejo – 13/10/2025 – Papo de Responsa

A imagem mostra uma mulher sorridente com cabelo preso em um coque. Ela usa uma blusa rosa com detalhes em crochê e brincos grandes e vermelhos. O fundo é preto, criando um contraste com sua roupa e expressão.

Ser empreendedora social não foi algo planejado. O termo nem existia no meu vocabulário. Foi em 2008, numa visita de Muhammad Yunus ao Brasil, que ouvi pela primeira vez o conceito de “setor 2.5”, um espaço entre o capitalismo tradicional e a sociedade civil organizada, onde gestão empresarial, lucro sustentável e impacto social se encontram.

Foi ouvindo uma palestra dele que entendi: ‘É isso que estamos fazendo na MOL Impacto’, a organização que fundei com Rodrigo Pipponzi em 2007.

Como uma típica millennial, acreditei na promessa de que, com faculdade, emprego em uma grande empresa, esforço e sorte, teria sucesso e uma boa vida. Também como uma típica millennial, me decepcionei rápido com a realidade.

Não queria gastar a vida apenas para pagar boletos e enriquecer acionistas; tinha sede de propósito. Alinhar esses valores internos às demandas do mundo —sendo pagar boletos certamente uma delas, especialmente como mãe solo— foi a primeira faísca para começar algo novo.

A MOL é minha segunda filha e acaba de completar 18 anos, uma longevidade rara em um país onde mais de 60% dos CNPJs não sobrevive à primeira infância, segundo o IBGE.

Quando nasceu, eu tinha 25 anos e a utopia de criar a empresa onde gostaria de trabalhar e produzir o conteúdo que gostaria de ler. Começamos como uma editora, e um dos primeiros projetos foi apoiar a comunicação e captação de recursos do Graacc, hospital filantrópico referência nacional no tratamento do câncer infantojuvenil. Sem condições de competir com a grande mídia, tivemos de reinventar o conteúdo, o financiamento e a distribuição.

Assim nasceu a revista Sorria, vendida em farmácias pelo valor do troco, com parte do lucro destinado à causa. O primeiro número esgotou em três semanas; em quatro edições, já havíamos doado R$ 1 milhão. Cinco anos depois, subia um novo prédio do hospital, erguido em boa parte com as doações da “revistinha da farmácia”. Sem perceber, nos tornamos empreendedores sociais da cultura de doação.

Esse primeiro caso de sucesso nos levou a uma estrada virtuosa: novos parceiros de varejo, produtos inovadores, mais organizações apoiadas. Hoje estamos perto de alcançar R$ 90 milhões doados a mais de 240 ONGs em todo o Brasil.

As revistas deram lugar a livros, calendários e jogos, vendidos em mais de 5.000 lojas. São mais de 43 milhões de exemplares vendidos e uma lista de best-sellers que chegam a mais de 500 mil unidades vendidas em semanas —números impensáveis para o mercado editorial tradicional.

Com o impacto vieram reconhecimentos: o Prêmio Empreendedor Social (2018), o prêmio da Fundação Schwab —braço social do Fórum Econômico Mundial, do qual Yunus é embaixador— além do selo global “Melhor para a Comunidade” do Sistema B e uma estante de títulos Great Place to Work.

A utopia de criar o lugar onde gostaria de trabalhar, alinhado a um propósito maior, se realizou. Agora perseguimos outra: construir uma nação mais solidária, onde cidadãos e empresas entendam a doação como ato político cotidiano.

Mesmo em tempos difíceis, o futuro me parece promissor: produtos “compre-e-doe” estão mais comuns, há novos mecanismos de doação, consumidores cobram posicionamento social, marcas se arriscam mais em causas, o empreendedorismo social entrou nas universidades, e a sociedade civil voltou a mostrar sua força quando chamada a agir.

Diante dos maiores desafios já colocados à humanidade e ao planeta, estimular a generosidade é, mais do que nunca, uma arma de transformação em massa.



Fonte ==> Folha SP

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