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Quarto ano seguido de PIB forte tem final fraco – 07/03/2025 – Opinião

A imagem mostra duas pessoas sentadas em uma mesa durante uma reunião. À esquerda, um homem com cabelo escuro e liso, usando um terno escuro e gravata, parece concentrado. À direita, um homem mais velho, com cabelo grisalho e barba, está com a cabeça baixa e uma expressão pensativa. O fundo é composto por um padrão de ondas em tons de azul.

Desde que superou o pior do impacto da pandemia de Covid-19, o Brasil engatou uma sequência de quatro anos de crescimento econômico acima das expectativas. A continuidade do fenômeno, porém, nunca pareceu tão improvável.

Nesta sexta-feira (7), o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto do país teve avanço de 3,4% em 2024, o que, à primeira vista, parece confirmar o vigor dos anos anteriores —não fosse pelos resultados fracos e até negativos do último trimestre, quando o PIB variou apenas 0,2%.

A esta altura, as evidências indicam que a evolução surpreendente da produção e da renda no quadriênio se deve principalmente ao aumento desmesurado do gasto público no período, ainda que possa ter sido ajudado por reformas, como a trabalhista, e melhoras na regulação dos investimentos em infraestrutura.

O expansionismo orçamentário, mais concentrado em benefícios sociais, começou com o próprio enfrentamento da pandemia, foi aprofundado pela ofensiva de Jair Bolsonaro (PL) pela reeleição, afinal frustrada, e atingiu novos picos sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No ano passado, as despesas federais ficaram 14,5% acima do patamar de 2019, descontada a inflação.

Trata-se de trajetória insustentável para um governo já altamente deficitário e endividado. Ademais, o mesmo gasto que impulsiona o PIB gera as distorções que mais à frente ameaçam a atividade econômica e os empregos.

É o que se vê hoje com a inflação em alta, projetada em 5,65% neste 2024, e a perspectiva de juros escorchantes de 15% anuais, destinados a frear o crédito, a demanda e os preços. Os reflexos dessa combinação nefasta já se fizeram sentir nos dados do IBGE.

Depois de 13 trimestres consecutivos de elevação expressiva, o consumo das famílias, que puxou a retomada pós-crise sanitária, teve recuo agudo de 1% no final do ano passado —quando também se notou perda de fôlego no mercado de trabalho.

Foi o indicador mais impactante da desaceleração do PIB, mas não o único. No setor de serviços, de longe o que responde pela maior parte do emprego e da renda, a expansão quase nula (0,1%) no quarto trimestre foi o pior desempenho desde o início de 2022. A variação na indústria, de 0,3%, foi a menor desde os primeiros três meses de 2023.

O investimento teve certa recuperação ao longo do ano, mas também mostrou menos força entre outubro e dezembro (0,4%). Equivale hoje a apenas 17% do PIB, abaixo dos 17,8% de 2022 e longe dos padrões globais, em geral entre os 20% e 25%.

Elevar essa taxa, bem como a produtividade, deveria ser o objetivo principal do país na busca por crescimento econômico duradouro. Isso não se consegue com intervencionismo estatal, mas com regras claras e estáveis, estabilidade monetária e juros civilizados. É da confiança de consumidores e empresários que deve vir a prosperidade.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

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