No meio da semana, Flamengo e Palmeiras, os dois times mais cotados antes do Brasileirão para ganhar o título, mostraram, novamente, deficiências ofensivas importantes. O Flamengo perdeu por 1 a 0 para o Santos, e o Palmeiras empatou por 1 a 1 com o Mirassol.
Os problemas do Flamengo, sem Pedro, são os mesmos dos últimos jogos em que teve Pedro. O ideal seria o técnico e o jogador celebrarem a paz e Pedro voltar a atuar como nos seus melhores momentos. A saída de Gerson é também importante, pois ele, da direita para o centro, era o terceiro meio-campista, facilitava para Arrascaeta e os dois atacantes.
O Palmeiras, sem Estêvão e sem Paulinho, mesmo aquele Paulinho que só podia jogar 30 minutos, ficou sem um grande atacante. Repito, as discretas atuações de Vitor Roque não são surpresas. Ele, por ser jovem, pode evoluir, mas foi excessivamente elogiado no início da carreira pelos muitos gols que fez. Flaco López tem atuado de maneira melhor que Vitor Roque, mas está longe de ser o atacante que querem Abel e os torcedores. Se Richard Ríos, o melhor jogador do Palmeiras do meio para a frente, sair, ficará muito pior.
O Cruzeiro, agora líder, mostrou, mais uma vez, na vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense, no Maracanã, que é candidato ao título. A combinação individual e coletiva entre Matheus Pereira e Kaio Jorge no segundo gol foi perfeita. É a união do corpo com a mente. A equipe, com duas linhas de quatro e uma dupla de ofensiva pelo centro, vai da defesa para o ataque em bloco. Os dois jogadores pelos lados, Christian pela direita e Wanderson pela esquerda, atacam como pontas e voltam para marcar ao lado dos dois meio-campistas.
Nunca funcionou bem um time jogar com dois no meio-campo, dois pontas que só atacam e não voltam para marcar, além de um meia ofensivo próximo do centroavante, como ainda é habitual em muitos times brasileiros. Assim a seleção brasileira foi goleada em 2014 pela Alemanha, por 7 a 1, e recentemente pela Argentina, por 4 a 1.
As saídas de Arias do Fluminense, de Ygor Jesus e Gregore do Botafogo, de Gerson do Flamengo e de Estêvão (e provavelmente Richard Ríos) do Palmeiras enfraquecem essas equipes e o futebol brasileiro e fortalecem o Cruzeiro e outros times no Brasileirão. Este fim de semana tem Fla x Flu sem Gerson e sem Arias.
Por outro lado, noto uma evolução na maneira de jogar em muitas equipes brasileiras. Elas tentam sair com a bola trocando passes desde o goleiro, além de pressionar o adversário em todo o campo para recuperar a bola. Falta ainda compactação. Na vitória sobre o Bucaramanga, da Colômbia, pela Copa Sul-Americana, o Atlético-MG atacava com muitos jogadores e deixava enormes espaços no meio-campo para o contra-ataque do adversário, já que os zagueiros do continuavam colados à grande área.
Outra evolução é ter jogadores polivalentes que iniciam as partidas em posições diferentes. Porém é preciso separá-los dos que, durante o jogo e de acordo com o momento, alternam os posicionamentos e as execuções dos fundamentos técnicos de cada posição. É o meio-campista que avança, entra na área e finaliza como um ótimo atacante, é o ponta que defende e ataca pelos lados, e tantos outros exemplos. Esse é o jogador moderno.
Fonte ==> Folha SP