A juventude brasileira de baixa renda enfrenta um cenário desafiador. Ela precisa conviver com desigualdade estrutural, acesso limitado à educação de qualidade e barreiras ao mercado formal de trabalho, fatores que criam um ciclo difícil de romper.
Recentemente, o Mapa da Mobilidade Social revelou dados preocupantes: a chance de um jovem de origem humilde ascender socialmente continua baixa, especialmente em regiões periféricas e entre populações historicamente marginalizadas.
A Fundação Iochpe chega aos seus 36 anos neste mês de agosto tentando contribuir para a reversão desse quadro. Ao longo desse período, a fundação conseguiu, por meio de iniciativas como o Programa Formare, qualificar e inserir no mercado de trabalho 27 mil jovens em situação de vulnerabilidade social.
O programa nasceu com o objetivo de colocar o jovem no centro da nossa estratégia. Acreditamos que repetir as mesmas soluções só perpetuará os mesmos resultados.
Para transformar esse cenário, é preciso quebrar paradigmas, repensar modelos e construir pontes reais entre formação e empregabilidade. Foi assim que nasceu o Formare —uma proposta ousada, disruptiva e profundamente conectada com as necessidades dos jovens e do mercado.
Diferente do antigo modelo dual tradicional —em que a teoria é ensinada na escola, e a prática ocorre na empresa— o Formare propõe que toda a formação, teórica e prática, aconteça dentro do ambiente corporativo.
Para o jovem de baixa renda, estar nesses espaços é pedagógico: ele aprende, sim, mas também passa a acreditar que pode pertencer e se tornar parte da economia formal. Essa vivência transforma não apenas competências, mas também perspectivas de vida.
A formação profissional é conduzida por colaboradores da própria empresa, que recebem capacitação pedagógica adequada. Inspirados nos antigos liceus de ofícios, esses profissionais não apenas ensinam — eles se tornam referências, modelos e a primeira rede de relacionamento profissional dos jovens. Essa conexão direta com o mundo do trabalho é um diferencial poderoso.
Cada empresa e cada região tem demandas específicas. Por isso, o currículo do Formare é customizado para refletir essas particularidades, garantindo relevância e empregabilidade.
O participante aprende aquilo que a empresa efetivamente precisa naquele momento, aumentando suas chances reais de inserção profissional.
Nesse sentido, ouvimos os jovens e suas famílias e criamos um “sistema de cuidados” em que o jovem recebe tudo o que precisa para dar foco somente na sua educação: bolsa auxílio, acesso à saúde, alimentação, transporte, seguro de vida, uniforme, equipamentos e material didático. Em alguns casos específicos, recebem também auxílio psicológico e cesta básica.
O certificado do Formare é validado por instituições de ensino de prestígio, como a UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) no Brasil, a UT de San Luís Potosí e Chihuahua no México, e a Pune University, na Índia.
Esse reconhecimento confere legitimidade à formação e abre portas em diferentes contextos, inclusive internacionais.
Ao final do curso, os jovens precisam resolver um problema real da empresa por meio do Projeto Integrador. Essa etapa os convida a aplicar tudo o que aprenderam em uma situação concreta, desenvolvendo competências como resolução de problemas, trabalho em equipe e inovação.
É o momento em que eles deixam de ser apenas estudantes e se tornam protagonistas, alguns até contratados para implementar estes projetos.
O Formare não é apenas um programa de formação —é uma proposta de transformação. Ao inovar na forma, no conteúdo e na relação com o jovem, estamos construindo um novo caminho para a mobilidade social.
Um caminho em que o talento não é desperdiçado por falta de oportunidade e onde o futuro é desenhado com coragem, inclusão e propósito. A realidade é clara e os caminhos tradicionais não estão funcionando. É hora de inovar.
Fonte ==> Folha SP