Aracaju
Apresentador e um dos donos da RedeTV!, Marcelo de Carvalho está sendo processado pela Educafro, entidade que luta pela inclusão de pessoas negras e pobres em universidades particulares. Ele é acusado de racismo por um comentário feito em sua conta no X (ex-Twitter) na semana passada.
O caso corre no Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo documentos obtidos pela coluna, a associação Educafro o acusa de racismo e exige o pagamento de uma reparação de R$ 6 milhões. Procurado pela coluna através da assessoria da RedeTV!, Marcelo de Carvalho não respondeu aos contatos.
Na postagem, Marcelo de Carvalho contou que o irmão do seu filho mais velho havia acabado de ser assaltado em Barcelona, na Espanha, durante uma viagem de férias.
“Obviamente um sujeito de aparência africana, dos milhões que a Europa deixou entrar, deu uma trombada nele, arrancou o celular e saiu correndo. Ao invés de salvar os muçulmanos africanos, vão acabar com a Europa”, disse Carvalho.
A fala foi repreendida por diversas pessoas públicas, como a apresentadora Giovanna Ewbank e o humorista Paulo Vieira. Na ação, a Educafro afirma que Carvalho cometeu “racismo claro e extremo”.
“Atribuir, de forma generalizada, o aumento de crimes como roubo, estupro e violência urbana na Europa à imigração de pessoas africanas configura uma manifestação inequívoca de racismo, discriminação e xenofobia”, declarou nos documentos.
“A associação direta entre negros africanos e criminalidade não é neutra: trata-se de uma narrativa racista que reproduz estigmas históricos. A ideia de que pessoas de ascendência africana são mais propensas à violência é uma construção perversa que remonta ao colonialismo e à escravidão, períodos em que corpos afro-brasileiros eram desumanizados e reduzidos à condição de ameaça ou subalternidade”, concluiu a Eduafro.
A entidade quer que Marcelo de Carvalho tenha de pagar uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos e financiar bolsas de estudos para pessoas afrodescendentes no valor de R$ 1 milhão, além de ser obrigado a fazer uma retratação pública e participar de um curso de educação antirracista.
O Ministério Público foi notificado pela Justiça de São Paulo para dar um parecer sobre o assunto. Um juiz também já foi designado. O caso ainda não tem previsão de julgamento.
Fonte ==> Folha SP