O prazo da licença de Eduardo Bolsonaro na Câmara dos Deputados se encerrou em 20 de julho. Após 120 dias afastado do cargo, o parlamentar precisaria voltar ao Brasil para reassumir o mandato.
No entanto, Eduardo não poderia estar mais despreocupado com o cargo. Inclusive, já afirmou que se voltar ao Brasil agora corre risco de ser preso. Por esse motivo, sua opção provavelmente será: “deixar o tempo correr e perder o mandato por falta”.
O motivo de tamanha despreocupação é seu deslumbramento com uma possível candidatura presidencial em 2026. Em uma entrevista recente, comemorou: “Meu nome já figurou em algumas pesquisas, né? Fiquei feliz.”
O deputado reconhece que a escolha definitiva pelo representante do bolsonarismo em 2026 depende da decisão do pai. Porém, deixou clara sua intenção caso tenha sinal verde: “Obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir.”
Sua animação também se deve aos resultados positivos das últimas pesquisas eleitorais. De acordo com levantamentos da Genial/Quaest, Eduardo Bolsonaro aparece com 8% de menções, tendo em vista os potenciais nomes para representar a direita em 2026. Nos meses de março e maio, seu nome era mencionado apenas por 4% dos entrevistados.
No entanto, quem considera que isso sinaliza, necessariamente, um fortalecimento de seu nome para 2026 não poderia estar mais enganado.
Por um lado, tal crescimento reflete apenas o aumento de sua exposição midiática, o que faz com que os eleitores se lembrem de seu nome com maior frequência. Por outro lado, o crescimento ocorre apenas na parcela de 15% dos eleitores que desejam apenas escolher o melhor cosplay de Jair Bolsonaro. Mas a direita brasileira é maior do que isso.
A competição entre direitistas é grande. E Eduardo, a despeito dos holofotes da mídia, ainda segue empatado com o inelegível Pablo Marçal e atrás de Ratinho Junior (PSD), com 9%, de Michelle Bolsonaro (PL), com 13%, e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 15%.
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O filho de Jair também é um dos piores candidatos para enfrentar Lula em um potencial segundo turno. Em uma disputa entre Lula e Tarcísio, Lula sairia vitorioso com 41% contra 37% do republicano. Contra Michelle, Lula ganha com 43% contra 36%. Já Eduardo perderia de Lula com uma diferença de 10 pontos, 43% contra 33%.
Mais do que isso, é importante lembrar que o apoio efusivo de Eduardo Bolsonaro às sanções norte-americanas muito provavelmente causou a queda das intenções de voto de todos os candidatos bolsonaristas. De junho para julho, Tarcísio foi de 40% para 37%, Michelle de 39% para 36% e Ratinho Júnior de 38% para 36%.
Porém, foi justamente Jair Bolsonaro quem sofreu o maior desgaste. Caiu de 41% para 37%. Se a intenção de Eduardo era ajudar o pai, o tiro saiu pela culatra.
Já no que diz respeito ao seu futuro político, a julgar pelas pesquisas, pela reação dos empresários, da maioria da população, e do Congresso às sanções de Trump, e pelos crimes que cometeu, restam apenas duas opções: lançar sua candidatura nos Estados Unidos ou acompanhar seu pai na prisão no Brasil.
Fonte ==> Folha SP