A preocupação com o cenário fiscal segue tirando o apetite ao risco dos investidores locais. As atenções, porém, ficaram divididas com o exterior de olho nas eleições na França e expectativa por novos dados no mercado de trabalho nos Estados Unidos.
O Ibovespa (IBOV) fechou o pregão em alta de 0,65%, aos 124.718,07 pontos. A alta foi apoiada pela forte valorização das commodities no mercado internacional.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão na máxima intradia a R$ 5,6533, com ganhos de 1,16%. O avanço acompanhou a escalada dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasurys — e o reflexo na abertura da curva de juros brasileira.
Mais uma vez, o mercado local reagiu a novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois de dizer que o país não precisa de juros altos neste momento, Lula afirmou em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), que não dá para o presidente do Banco Central — a quem se referiu como “cidadão” —ser mais importante que o presidente da República.
“Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do (ex-presidente Jair) Bolsonaro, não é correto isso”, disse Lula, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, afirmou o chefe do Executivo.
O presidente afirmou que preza pela responsabilidade fiscal e que inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta para a evolução dos preços em 3%.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre os ativos do Ibovespa, as ações da SLC Agrícola (SLCE3) se destacaram como a maior alta do pregão desde o início das negociações. Durante a sessão, os papéis atingiram a máxima intradia a R$ 18,92 (+8,42%), com a divulgação de um novo guidance. A companhia afirmou, em comunicado ao mercado, que as suas terras acumularam valorização de 7%, de R$ 10,928 bilhões para R$ 11,591 bilhões.
Para o BTG Pactual, essa foi uma surpresa positiva. Os analistas esperavam uma estabilidade nos valores, já que os preços das commodities reportaram quedas nos últimos meses.
As ações da Sabesp (SBSP3) e da Equatorial (EQTL3) também sobem ‘juntas’ com reação a notícia do processo de privatização da companhia de saneamento básico de São Paulo.
Na última sexta-feira (28), o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas confirmou que a Equatorial foi a única a apresentar uma proposta para se tornar acionista de referência da Sabesp (SBSP3) — na reta final do processo de privatização da companhia de saneamento paulista.
A Equatorial pagou R$ 67 por ação, correspondente a R$ 6,8 bilhões, por 15% da Sabesp.
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) puxaram o Ibovespa para o tom positivo, impulsionadas pelo desempenho das commodities no exterior — com minério de ferro avançando 2,5% na China e petróleo com alta de mais de 1% no pregão.
Na ponta negativa do Ibovespa, Assaí (ASAI3) liderou as perdas com as ações pressionadas pela abertura da curva de juros futuros. Em geral, as ações cíclicas — mais sensíveis aos juros — tiveram forte queda.
Exterior
Enquanto os investidores esperam o relatório oficial de empregos, o payroll, de junho, o cenário político concentrou os holofotes nos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (1º), a Suprema Corte norte-americana concluiu que Donald Trump não pode ser processado por ações que fazem parte dos seus poderes constitucionais como presidente, mas pode por atos privados. Pela primeira, a Justiça dos Estados Unidos reconhece algum tipo de imunidade presidencial em uma decisão histórica.
Os juros dos Treasurys alcançaram os níveis mais altos em cerca de um mês, com maior chance de Trump voltar à Casa Branca após as eleições de novembro.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +0,27%, aos 5.475,09 pontos;
- Dow Jones: +0,13%, aos 39.169,52 pontos;
- Nasdaq: +0,83%, aos 17.879,30 pontos.