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Queda da fome não esgota desafios econômicos e sociais – 29/07/2025 – Opinião

A imagem mostra uma criança sem camisa, de costas, segurando uma tigela de metal. Ao fundo, há uma fogueira com fumaça saindo e um recipiente de metal em cima dela. O ambiente é rural, com vegetação ao redor e um barco parcialmente visível. O chão está coberto por água e plantas.

A parcela da população do Brasil subnutrida ou em risco de subnutrição caiu abaixo de 2,5% no triênio 2022-24, o que mais uma vez retira o país dos destacados no Mapa da Fome divulgado periodicamente pela ONU. Trata-se de conquista a ser celebrada, mas também devidamente qualificada.

Não se pode subestimar o resultado, já que outros importantes e até mais ricos latino-americanos, como Argentina (3,4%), México (2,7%) e Chile (2,5%), ainda não atingiram o patamar tido como desejável —observado no mundo desenvolvido e em emergentes como China, Rússia, Turquia, Uruguai e Costa Rica.

Tampouco se deve considerar o feito como triunfo definitivo, entretanto. Cumpre apontar que tão somente voltamos a uma situação já conhecida desde 2014. Derrubar uma marca momentânea da pobreza extrema mal arranha os desafios que as políticas social e econômica têm de enfrentar pela frente no país.

Em grande medida, o indicador da fome repetiu aqui tendências globais. Houve uma piora durante o período da pandemia de Covid-19, quando o colapso da atividade levou as agruras da má nutrição a 3,4% dos brasileiros no triênio 2019-21; a partir daí, houve melhora paulatina, mas dificultada pela inflação de alimentos que se sucedeu à crise sanitária.

No mundo, o percentual saltou de 7,5% em 2019 para 8,8% em 2021, tendo recuado a 8,2% estimados em 2024. Os preços da comida tiveram elevação geral, com impulso inicial de juros mais baixos e elevação do gasto público.

No Brasil, mesmo depois de superado o pior do impacto pandêmico, a despesa pública se manteve em expansão nos últimos três anos, pressionando a inflação e os juros do Banco Central —e pondo em risco o progresso dos indicadores sociais.

A partir da ofensiva de Jair Bolsonaro (PL) pela reeleição, em 2022, o programa Bolsa Família, então chamado de Auxílio Brasil, teve suas dimensões multiplicadas. Os desembolsos, que historicamente rondavam o equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), somaram 1,4% em 2024.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se limitou a manter a ampliação do programa de transferência de renda, o que seria correto. Sua administração promoveu novos gastos permanentes, em particular com a retomada dos reajustes reais do salário mínimo.

Por óbvio, toda essa injeção de dinheiro público na atividade traz impactos para o aumento do emprego e a queda da pobreza. Mas não se pode tomar tal estratégia como alguma fórmula mágica para a superação de mazelas sociais ainda consideráveis.

Sem equilíbrio orçamentário, os gastos do governo federal resultam em inflação que resiste até a juros astronômicos de 15% ao ano. Tais taxas aceleram a escalada da dívida pública e trazem a ameaça de um colapso fiscal, que resultará em queda da renda nacional. Essas devem ser preocupações tanto da política econômica quanto da social.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

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