São Paulo
De olho no público jovem, a Globo aposta numa nova tendência: a de escalar rappers como atores em séries e novelas. Depois de MC Cabelinho no elenco de “Amor de Mãe” (2019) e “Vai na Fé” (2023), e L7nnon em “Dona de Mim”, atualmente no ar às 19h.
E nos próximos meses será a vez de TZ da Coronel, 24, dar as caras na dramaturgia. Ele vai estrear na atuação interpretando um traficante na quinta temporada da série do Globoplay “Arcanjo Renegado”.
TZ diz que as carreiras se entrelaçam naturalmente. “A gente [músicos] já tem uma vivência artística, sabe se expressar, tem presença”. A identificação dos millenials com artistas populares é outro ponto destacado pelo rapper. “A rua nos escuta. A galera se identifica e isso chama atenção de quem produz”. Ele argumenta, no entanto, que se preparou para o novo desafio. “Tem estudo envolvido”.
Para o artista, interpretar um criminoso logo no primeiro papel sendo um homem preto não é algo que deva ser problematizado. “É uma pergunta importante. Eu penso que o problema não é o papel em si, mas a falta de variedade nos convites. Eu aceitei porque acredito na história e confio na equipe. Estou aqui para mostrar que a gente pode tudo. Vejo como porta de entrada para conquistar outros papéis.”
Segundo ele, é plenamente possível conciliar a música e os shows com a atuação. “Gostei do processo, me vi querendo aprender mais, crescer. Quero fazer cinema, novela, série. Poder levar nossa história, nossa luta para outros lugares, é gratificante”, reforça.
Natural do Morro do Limão, favela de Cabo Frio (RJ), Matheus de Araújo Santos usa o apelido com base na rua onde foi criado (Coronel). Nas redes sociais, conta com mais de 6 milhões de fãs. Acumula 30 milhões de views nas redes sociais e seus singles costumam ficar em alta no YouTube, dentre eles “Não Temos Medo” e “Odisseia”. Em setembro, se apresentará no The Town.
Filho de uma faxineira e um barbeiro, o músico comemora o fato de, agora independente financeiramente, ter conseguido aposentar os pais. “É sobre conquista: antes eu não tinha nada e hoje eu posso ter. Mas é também sobre responsabilidade. Não é só ter grana, é saber cuidar, investir, ajudar, com os pés no chão”.
Fonte ==> Folha SP