A Cia. Teatral As Graças comemora três décadas de trajetória com o espetáculo inédito “Derrama”, uma criação poética que une música, movimento e reflexão sobre os fluxos da vida, tendo os rios como metáfora central. A estreia acontece no dia 24 de julho, no Parque da Luz, em São Paulo, com apresentações gratuitas ao longo do fim de semana.

Dirigido por Duda Maia, reconhecida por seus trabalhos em espetáculos musicais como “Elza” e “Auê”, a montagem presta homenagem à atriz Juliana Gontijo, uma das fundadoras do grupo, falecida precocemente. A narrativa do espetáculo se inspira na última vivência artística de Juliana, uma jornada transformadora pelo Rio Tapajós em 2019.

“Derrama” explora a conexão entre o corpo feminino e as águas dos rios, simbolizando ciclos de vida, morte e renascimento. “É desse rio que queremos falar, vida que não volta, que deságua em um outro lugar/mar. Das águas derramadas em choro e parto, das águas internas de sangue e inchaço”, reflete Vera Abud, integrante do núcleo atual da companhia, ao lado de Eliana Bolanho.

O espetáculo, o 19º da companhia, conta com a participação de sete atrizes convidadas de coletivos paulistanos –Cibele Matheus, Daniela D’eon, Dêssa de Souza, Kátia Daher, Martinha Soares, Nilcéia Vicente e Paola Musatti–, reforçando o caráter colaborativo que marca a trajetória do grupo. Após a estreia no Parque da Luz, “Derrama” seguirá em circulação por parques, praças e ruas de São Paulo, totalizando 22 apresentações gratuitas. Essa itinerância é uma das marcas da Cia. As Graças, que desde 1995 leva teatro a espaços públicos com o Circular Teatro, um ônibus adaptado como palco móvel.

A montagem integra o projeto “O Tempo e as Águas”, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro, e prevê ainda o lançamento de um livro sobre os 30 anos da companhia e um podcast.

Com um núcleo majoritariamente feminino, a Cia. As Graças construiu uma dramaturgia própria ao longo dos anos, suprindo a falta de textos teatrais escritos para mulheres. A cada nova montagem, um diretor ou diretora é convidado a desafiar o grupo esteticamente — nomes como Cristiane Paoli Quito, André Carreira e Marco Antonio Rodrigues já colaboraram com a companhia.

Para “Derrama”, a dramaturgia coletiva foi desenvolvida a partir de improvisações e pesquisas sobre mitos, geografias e corpos femininos, com a contribuição da dramaturga Cintia Alves. “É um processo solto e lacunar, são fios que podem ou não tecer o resultado final”, explica Bolanho.

Fundada em 1995, a Cia. As Graças já realizou 18 espetáculos, publicou um livro, produziu três documentários e criou o Circular Teatro, levando arte a mais de 90 locais em São Paulo e 13 estados brasileiros.

Parque da Luz – pça da Luz, s/n – Bom Retiro, região central. Estreia: 24/08 (quinta-feira), às 15h. Temporada: 24 a 27/08 (sexta às 15h; sábado e domingo 11h e 17h). Duração: 50 minutos. Grátis.