O presidente Donald Trump anunciou em suas redes sociais, nesta sexta-feira (22), que os Estados Unidos estão conduzindo uma “grande investigação tarifária sobre móveis que entram no país”. A operação tem o objetivo de aplicar tarifas específicas para o setor.
“Nos próximos 50 dias, essa investigação será concluída e os móveis vindos de outros países para os Estados Unidos serão tarifados a uma taxa ainda a ser determinada”, disse na postagem.
Segundo Trump, a medida irá revitalizar os fabricantes domésticos de móveis nos EUA, embora não tenha detalhado como a investigação está sendo conduzida ou como as tarifas serão aplicadas.
“Isso trará o setor de móveis de volta à Carolina do Norte, Carolina do Sul, Michigan e estados por toda a União”, afirmou.
De acordo com a agência Reuters, um funcionário do governo americano afirmou que o inquérito é conduzido pelo Departamento de Comércio e integra a investigação sobre madeira e produtos de madeira no âmbito da Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio.
A norma permite a imposição de tarifas sobre bens considerados críticos para a segurança nacional. Para tanto, o secretário de Comércio deve apresentar os resultados de qualquer investigação em até 270 dias a partir do início do processo, que começou em 10 de março.
A decisão de Trump sobre como agir diante das informações da investigação, no entanto, pode ser posterior a esse período.
Indústria de móveis dos EUA sofreu redução desde os anos 70
A fabricação de móveis e produtos de madeira nos Estados Unidos — que chegou a empregar 1,2 milhão de pessoas em 1979 — caiu de 681 mil nos anos 2000, para 340 mil atualmente, segundo estatísticas do governo americano.
Em 2024, os Estados Unidos importaram cerca de US$ 25,5 bilhões em móveis, um aumento de 7% em relação a 2023. Desse total, cerca de 60% são originários do Vietnã e da China, segundo dados da Furniture Today, uma publicação especializada.
Além da investigação sobre o setor moveleiro, o Departamento de Comércio já investiga a possibilidade de sobretaxas em áreas como farmacêuticos, semicondutores, aeronaves, minerais críticos e caminhões médios. Até o momento, Trump já anunciou tarifas sobre aço, alumínio, cobre e automóveis.
Trump não citou países que podem ter novas tarifas
O anúncio do presidente americano não cita nenhum país diretamente. O Brasil, contudo, é um dos exportadores de móveis e de madeira para os EUA. No ano passado, foram US$ 249,6 milhões em exportações.
Grande parte dessa produção sai do polo moveleiro de São Bento do Sul, Campo Alegre e Rio Negrinho, em Santa Catarina. No ano passado, as exportações de móveis produzidos na região somaram US$ 123,4 milhões, sendo que US$ 77 milhões são encomendas dos EUA.
A região concentra 7 mil trabalhadores atuando em 398 indústrias, 20 delas exportadoras. Como impacto do tarifaço, cerca de 600 deles, funcionários de quatro empresas, estão em férias coletivas, segundo cálculos do Siticom-SBS.
Fonte ==> UOL