Uma cafeteria de Dubai bateu o recorde mundial de café mais caro do mundo ao vender uma xícara de coado por 2.500 dirhams –o equivalente a R$ 3.600,00.
O café era da variedade geisha cultivado pela conceituada fazenda La Esmeralda, no Panamá.
A Roasters, dona do recorde, tem várias cafeterias espalhadas pelo emirado.
O valor exorbitante é mais um marco da valorização desarrazoada que invadiu o universo cafeeiro.
O geisha é uma variedade de café que surgiu na Etiópia e encontrou nas montanhas do Panamá um terroir capaz de desenvolver notas sensoriais complexas. Geralmente produz um café muito aromático, com notas florais e acidez balanceada.
Mas a qualidade da bebida, aqui, é detalhe.
O preço absurdo é uma ação de marketing que funciona perfeitamente para a cafeteria emirati. Com esse valor, a marca se mostra para os ultrarricos ávidos por experiências exclusivas.
Não à toa, fizeram uma cerimônia para comemorar o marco, com direito a placa de recorde mundial e balões.
A bebida superfaturada é servida acompanhada de alguns doces, como uma taça de tiramissu e uma bola de sorvete. A escolha, aliás, tem tudo para ser uma harmonização infeliz, pois os cafés da variedade geisha costumam ser delicados e ornam melhor com alimentos menos açucarados –talvez até um salgado.
Como falei em texto já publicado nesta Folha, tudo é superlativo em Dubai. Gabam-se por terem o prédio mais alto, o maior shopping, a maior fonte… e agora o café mais caro do mundo.
Essa desvalorização do bom em detrimento do melhor gera distorções. O preço cobrado pela Roasters por uma xícara ultrapassa o valor de uma saca de 60 kg de café de altíssima qualidade produzido no Brasil –ou em vários outros países capazes de cultivar excelentes grãos, como Colômbia e Quênia.
É importante valorizar o café, pois a cafeicultura é fonte de renda de milhares de famílias que possuem pequenas propriedades. O aumento do consumo de cafés finos tem a importante função de aumentar a percepção de valor do café. Mas preços exorbitantes acabam deixando a bebida envolta em uma aura de pompa exagerada que não combina com uma bebida tão popular –ao menos no Brasil.
Bebamos, pois, bons cafés. O melhor é supervalorizado.
Enquanto isso, em São Paulo a Natura inaugura uma cafeteria temporária que, além de comidas e bebidas exclusivas, oferecerá atividades com foco em bem-estar, como práticas de ioga, oficinas de pintura em cerâmica e massagens. As experiências são gratuitas, mas é preciso emitir os ingressos na Sympla. Todos serão recepcionados com um chá de boas-vindas feito com casca de cacau, cumaru, gengibre, erva doce e capim santo. O cardápio é elaborado a partir de ingredientes brasileiros, como o bolo de cumaru com calda de chocolate amazônico (R$ 22) e a tigela de cuscuz de farinha Uarini com vinagrete de feijão manteiguinha de Santarém, folhas e ovo (R$ 48). O espaço funcionará apenas durante o mês de outubro na Dois Trópicos, cafeteria situada na rua Mateus Grou, 589, Pinheiros, zona oeste da cidade. O projeto é parte do relançamento da linha Ekos Andiroba.
A Cookielícias, cafeteria paulistana focada no doce americano, agora serve café da manhã, com opções como misto quente e focaccia. Fica na r. Afonso de Freitas, 386, Paraíso.
Fonte ==> Folha SP