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Claugildo de Sá promove reflexão profunda sobre consciência negra e anuncia novo livro que introduz o conceito de “Psiquemicídio Negro”

Com lançamento previsto para março, “Psiquemicídio Negro” traz dados inéditos, conceito autoral e análise histórica sobre violência, exclusão e resiliência do povo afro-brasileiro.

Uma voz intelectual que emerge do Vale do Jequitinhonha

Durante a Semana da Consciência Negra, o professor, pesquisador e escritor Claugildo de Sá, Doutor em Educação, esteve em uma escola do Vale do Jequitinhonha (MG) para uma palestra que marcou alunos, educadores e a comunidade local. Sua fala, densa, provocadora e fundamentada em pesquisa histórica, sociológica e educacional, reforçou a importância de compreender e enfrentar as desigualdades raciais ainda presentes no Brasil. O encontro aconteceu no período em que se homenageia Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história do país e símbolo de resistência negra.

Um novo conceito para explicar a morte antes da morte

Em março do próximo ano, Claugildo lançará seu terceiro livro, obra que aprofunda a análise sobre racismo estrutural e desigualdades históricas. O título, “Psiquemicídio Negro”, nasce de um conceito criado pelo próprio autor para nomear um fenômeno que ele considera devastador: a morte psicológica e emocional do povo negro causada por séculos de violência, opressão e exclusão. O termo une as palavras latinas “Psyche” (psique, mente) e “Micydium” (homicídio), representando o que o autor define como:

“a morte da alma, a morte antes da morte natural.”

Segundo ele, essa destruição identitária se inicia nas microagressões silenciosas da infância, se estende pela juventude e se materializa nas estatísticas de violência, evasão escolar, vulnerabilidade social e falta de oportunidades.

A obra é construída a partir de uma pesquisa extensa e minuciosa, reunindo dados concretos sobre desigualdades raciais no Brasil e no mundo. Durante a palestra, Claugildo apresentou estatísticas que evidenciam:

  • a violência desproporcional contra pessoas negras,
  • os índices de pobreza e vulnerabilidade,
  • a menor presença no ensino superior,
  • a exclusão social histórica,
  • os olhares desconfiados que acompanham o negro nos espaços públicos,
  • e as agressões verbais camufladas em supostas brincadeiras ou expressões populares racistas.

O professor destacou que expressões como “galinha de macumba”, “segunda-feira preta” e “gota de Petrobrás” precisam ser abolidas do vocabulário, pois reforçam estereótipos e feridas históricas. Claugildo também analisou o impacto de políticas públicas de reparação, como as cotas raciais em universidades, classificando-as como instrumentos essenciais de inclusão. No entanto, lembrou dos retrocessos recentes e criticou as fraudes registradas nesses processos:

“É se posicionar contra as cotas, mas fraudar o formulário socioeconômico para entrar nelas como se negro fosse.”

Para o pesquisador, essa contradição revela não apenas racismo estrutural, mas também oportunismo institucionalizado.

A necessidade de preservar memória, cultura e identidade

Em sua fala, o professor ressaltou a urgência de estudar a história do povo preto no Brasil, sua cultura, sua espiritualidade, sua força econômica e seu papel político. Ele lembrou que somos um país miscigenado desde 1500, fruto do encontro entre negros, indígenas e brancos europeus. Por isso, segundo ele, não há sentido nem espaço para discriminação racial em um país que é, por essência, plural.

Uma história marcada por dor e resistência

Claugildo relembrou episódios que vão dos porões dos navios negreiros às plantações de café e cana de açúcar.
Do trabalho forçado aos estupros sistemáticos. Da escravidão colonial à violência contemporânea.

Para ele, a morte em série de negros ao longo da história brasileira ainda que pouco documentada na época “beira ao genocídio nazista contra os judeus”, no sentido de destruição deliberada de um povo inteiro. Essa leitura histórica fundamenta o seu conceito de Psiquemicídio, que será aprofundado no livro e já desperta expectativa no meio acadêmico. A palestra no Vale do Jequitinhonha deixou claro que Claugildo de Sá não apenas pesquisa o racismo, ele o traduz, o explica e o denuncia com coragem intelectual. Com linguagem clara, dados robustos e um conceito inovador, o próximo livro do autor promete contribuir para o debate nacional sobre consciência racial e políticas de reparação, colocando luz sobre dores silenciosas e estruturas profundas que ainda moldam o Brasil.

Claugildo de Sá

Professor, escritor e pesquisador. Doutor em Educação, atua na análise das relações étnico-raciais no Brasil e é autor de obras dedicadas ao enfrentamento do racismo estrutural. Em março lança seu terceiro livro, “Psiquemicídio Negro”, que introduz conceito autoral sobre a morte psicológica da população negra.

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