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Leão 14 e o magistério social de Francisco – 09/05/2025 – Opinião

Um homem em vestes religiosas, com uma túnica branca e um manto vermelho decorado com símbolos religiosos. Ele está sorrindo e levantando as mãos em um gesto de saudação. Ao fundo, há um pano vermelho.

A eleição do americano Robert Francis Prevost como papa Leão 14 parece indicar que, apesar das divisões internas da Igreja Católica e do crescimento de posições extremistas à direita no catolicismo nos últimos anos, os cardeais optaram pela continuidade. O legado reformista do papa Francisco tende a ser preservado em diversos e importantes aspectos.

Embora o novo pontífice tenha nascido e crescido nos Estados Unidos, sua experiência como missionário e bispo em dioceses modestas do Peru, a dupla cidadania peruana e a experiência global como chefe da ordem dos agostinianos o mantiveram em contato com as chamadas “periferias existenciais”, vistas por Francisco como a chave da fé cristã no século 21.

Prevost também mostrou ser um crítico da onda anti-imigrantes deflagrada pelo trumpismo e ter afinidade com a agenda de combate à crise global do clima, igualmente cara a seu antecessor.

Trata-se, portanto, de mais um papa “progressista”? Qualquer resposta agora seria prematura ou simplista demais.

Afinal, convém lembrar que a contraposição entre conservadorismo e progressismo não costuma ser muito útil na hora de descrever o posicionamento de membros da hierarquia católica.

As últimas décadas do papado mostraram, por exemplo, que a combinação entre uma adesão estrita à doutrina sobre moralidade sexual —o que inclui tanto a condenação ao aborto quanto o afastamento em relação a fiéis divorciados ou que não sejam heterossexuais— pode muito bem conviver com a crítica social e o clamor pela justiça.

Nesse ponto, por ora, Leão 14 parece mais claramente alinhado aos aspectos radicais do magistério social de Francisco do que com sua abertura pastoral a fiéis que não aderem ao comportamento sexual considerado exemplar pela Igreja, mesmo que ele ainda não tenha abordado esses temas com frequência.

Não se pode descartar, porém, que aconteçam surpresas —o próprio pontífice argentino, quando era arcebispo de Buenos Aires, teve embates com a comunidade LGBT de seu país.

De qualquer modo, a possibilidade de que o novo papa se aproxime da esquerda global em temas como imigração e desigualdade, mas soe reacionário em sua “pauta de costumes”, pode acabar por aproximá-lo das periferias vibrantes do catolicismo, que hoje são principalmente os países da África ao sul do Saara e, em menor grau, os do Sudeste da Ásia e regiões vizinhas.

Em tais locais, que têm registrado um crescimento expressivo no número de fiéis se comparados à contração da Igreja na Europa, na América do Norte e em diversos países da América Latina, é justamente esse o perfil dos prelados de maior relevo, alguns dos quais participaram do recente conclave ao lado de Leão 14.

Resta saber se a fórmula será suficiente para garantir a unidade e a vitalidade do catolicismo nas próximas décadas.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

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