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Muçulmano, socialista e prefeito de NY? – 01/07/2025 – Juliano Spyer

Um homem de terno cinza está em pé em frente a um microfone, fazendo um discurso. Ele segura um cartaz azul com o nome

Misture a articulação de Marçal, o uso competente das redes de Nikolas, conhecimento nativo do TikTok e grandes doses de socialismo.

Em 2010, tive a honra de atuar como comunicador digital na campanha presidencial da hoje ministra Marina Silva. Meu trabalho consistia em acompanhar a candidata e produzir conteúdo digital. Mas ela preferia ser interpelada por repórteres a falar diretamente com sua audiência sobre o que quisesse.

Lembrei dessa experiência ao ouvir a entrevista no Ezra Klein Show com o jornalista Chris Hayes, âncora da MSNBC e autor do livro The Sirens’ Call: How Attention Became the World’s Most Endangered Resource (em tradução livre, O chamado das sereias: como a atenção se tornou o recurso mais ameaçado do mundo), sobre a atenção na política.

Além de estudar como a atenção mudou a partir das mídias digitais, Hayes foi criado no Bronx, o bairro mais barra-pesada e trabalhador dos cinco grandes vizinhanças de Nova York. Isso lhe permite examinar, como eleitor e observador da cidade, a corrida eleitoral que definiu o futuro candidato democrata à prefeitura.

Se você ainda não ouviu falar de Zohran Mamdani vale saber que ele é um imigrante, nascido em Uganda, de origem muçulmana, e venceu a indicação a partir de uma plataforma socialista. (Imagine Nova York, a capital financeira do mundo, sendo administrada por um imigrante, muçulmano e socialista.) É cedo para se falar em um novo Obama?

Entre suas promessas de campanha estavam: transporte público gratuito, creches para todos, moradias a preços acessíveis e a criação de minimercados públicos para vender itens básicos a preços populares. Mas não foi apenas esse programa que transformou um virtual desconhecido no assunto do dia na cidade. Foi sua maneira de se comunicar.

A disputa pela prefeitura de Nova York, como debatem Klein e Hayes, opôs um político que raciocina a comunicação pela lógica da TV e outro que pensa com a cabeça do digital.

No primeiro caso, pense no presidente Lula que, em vez de usar um celular como todos os outros brasileiros, conta com um fotógrafo premiado a seu lado o tempo todo. No segundo, pense em Pablo Marçal, um comunicador e negociador que fala diretamente com eleitor, a partir do smartphone e das redes sociais.

Uma das técnicas de Marçal era premiar com muito dinheiro quem fizesse o corte de vídeo dele com mais visualizações. Mamdani associou o uso eficiente do vídeo — pense em Nikolas Ferreira — à presença constante nas ruas, interagindo e, principalmente, escutando seu eleitorado.

A questão importante, no caso do Brasil, é que partidos de esquerda, especialmente o PT, ainda dominados por lideranças formadas na política pré-internet, têm sido lentos em identificar e fortalecer seus representantes que entenderam que, neste novo mundo da comunicação política, a atenção não está à venda — ela precisa ser conquistada.

Se eu fosse político, especialmente na esquerda, estaria dissecando essa conversa entre Klein e Hayes, item por item. Tanto pelo aspecto prático — o know-how sobre como fazer comunicação política em tempos de Instagram e TikTok — quanto pelas consequências indesejadas dessas novas práticas.



Fonte ==> Folha SP

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