Você já deve ter ouvido falar que o café bom do Brasil é todo exportado e que o que fica por aqui é só o resto da produção.

Mas será que isso é verdade?

Essa percepção tem uma razão histórica. Durante muitos anos, o café de maior complexidade sensorial de fato era quase que inteiramente exportado.

Esses cafés, chamados de café especial, eram todos vendidos para o público externo porque, em geral, o comprador estrangeiro estava disposto a pagar mais caro e porque não havia no Brasil uma cultura de consumo de café especial.

Mas isso tem mudado muito nos últimos anos. O que se vê no mercado interno atualmente é uma tendência de gourmetização crescente.

As categorias gourmet e especial são as que mais crescem no consumo interno, segundo levantamentos do setor.

Até cerca de uma década atrás, quase 100% do café especial produzido era exportado. Hoje, aproximadamente 1,5 milhão de sacas são consumidas pelos próprios brasileiros, segundo dados da entidade que representa os produtores brasileiros de café especial.

“O Brasil hoje está consumindo mais de um milhão e meio de sacas de cafés especiais. Oito anos atrás você não via o Brasil consumindo café especial. Vejo um momento ímpar e muito especial para o Brasil num processo de consumo de cafés especiais”, diz Carmem Lucia Chaves de Brito, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais.

Prova disso é que há hoje nos supermercados várias opções de café gourmet e especial —segmento que era extremamente nichado até poucos anos atrás.

Além disso, centenas de torrefações independentes surgiram por todo o Brasil na última década. As cafeterias que servem café especial também se proliferaram nos últimos anos, em mais um sinal de que o brasileiro está consumindo grãos de maior qualidade.

Por isso, embora haja uma razão histórica para se pensar que o café que o brasileiro consome é só o pior do que é produzido, hoje sabe-se que existem muitas opções de café no mercado doméstico com alta qualidade sensorial.

E esse consumo interno qualificado não para de crescer.

Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram