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O Crime Quase Perfeito: A Fraude de Diplomas que Engana o Brasil

Como uma quadrilha especializada em falsificação de diplomas enganou centenas de profissionais e instituições, levantando questões sobre a validade dos processos de reconhecimento acadêmico.

​​Uma investigação em andamento, encaminhada para a Polícia Federal e que atualmente está sob a tutela da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado de São Paulo, através da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo–SP, expôs um esquema de falsificação de Reconhecimento de diplomas de Mestrado e Doutorado realizado em instituições estrangeiras, por universidades brasileiras, que opera em diversas regiões do Brasil.

​A quadrilha especializada em falsificação de documentos, liderada por Débora Araújo Leal, oferece certificados falsos em nome de universidades brasileiras de prestígio, enganando centenas de clientes, profissionais liberais, empresas idôneas e órgãos públicos nas esferas municipais, estaduais e federal. Com o envolvimento de diversas pessoas, a trama criminosa vem se desenrolando há anos, enganando consumidores, empresas e órgãos públicos, por meio de um esquema complexo de falsificação documental.

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Débora Araújo Leal, moradora da Cidade de Santo Esteves na Bahia, autointitulada “Doutora”, lidera a quadrilha utilizando sua influência e aparente credibilidade, por ser Funcionaria Publica no Estado da Bahia, para coordenar uma rede que falsifica documentos acadêmicos. Em parceria com um homem identificado como “Dr. Dalton”, diretor de uma empresa chamada Moretzsohn Educacional, a quadrilha se apresenta como intermediária para o reconhecimento de diplomas estrangeiros, utilizando o nome de universidades como Anhanguera, Metodista, Univali, Unioeste e UAB. Juntos, os dois prometem serviços de validação de títulos acadêmicos emitidos por instituições estrangeiras, entregando documentos sem qualquer validade legal.

​​O esquema consiste em abordar empresas que atuam na área da consultoria educacional dentro do segmento de pós-graduação stricto sensu, oferecendo serviços de reconhecimento de diplomas emitidos no exterior. Usando técnicas de persuasão, a quadrilha apresenta documentos falsos, chamados de “Apostila de Reconhecimento”, supostamente emitidos por universidades brasileiras, para convencer as empresas e seus clientes a contratarem os serviços.

​Os documentos são acompanhados de assinaturas reconhecidas em cartórios, apostilamento de Haia através do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), laudos grafotécnicos e e-mails falsos, simulando uma autenticidade que não existe. O golpe é direcionado principalmente a professores das redes públicas de ensino, advogados, empresários do setor educacional e profissionais que buscam diplomas de mestrado e doutorado em universidades estrangeiras. Muitos destes servidores públicos, que apresentam os documentos falsos em suas repartições públicas, recebem benefícios como promoções e gratificações salariais. As prefeituras, os estados e até os órgãos e instituições federais, uma vez de posse de todos os documentos apresentados pelos servidores, reconhecem a validade dos mesmos e publicam a concessão dos benefícios em seus diários oficiais, o que aumenta ainda mais a credibilidade dos falsários.

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A desarticulação da quadrilha e suas fraudes começaram quando as instituições públicas perceberam um aumento incomum no número de documentos de reconhecimento de diplomas estrangeiros apresentados como justificativa a obterem aumento salariais. Assim, esses órgãos passaram a investigar mais detalhadamente, e começaram a obter, das universidades, informações que os documentos apresentados são falsos, pois não há registros dos alunos em seus bancos de dados, mesmo com a apresentação de uma série de documentos anexos. A partir desse momento, universidades como Metodista, Anhanguera e Univali denunciaram o caso às autoridades e colaboram com as investigações para proteger suas reputações e evitar mais danos.

Os documentos são acompanhados de um e-mail para que o órgão público, onde o título será apresentado, possa solicitar a comprovação da autenticidade

​Um ponto crucial na descoberta do golpe foi a prisão de um homem em flagrante delito, em um cartório, tentando autenticar dezenas de documentos falsificados em nome do Reitor da Universidade Metodista de São Paulo. Em seu depoimento, ele afirmou estar agindo a mando de Débora Araújo Leal. A partir desse depoimento, as autoridades começaram a aprofundar as investigações e desvendar todo esquema criminoso de Débora Araújo Leal e seu parceiro, Dalton.

​A investigação também revelou que, Débora Araújo Leal, expandiu sua operação para os Estados Unidos, onde criou uma empresa chamada EDUCALER, no Estado da Flórida. Com a EDUCALER, ela agora oferece cursos de mestrado e doutorado falsos, cobrando mensalidades de seus alunos em várias cidades brasileiras, principalmente no Estado da Bahia e do Ceará. Dessa forma, Débora usa essa falsa instituição de ensino para cometer outro crime, o de estelionato, ao ignorar a legislação brasileira, que impede instituições estrangeiras de ofertarem em solo brasileiro, cursos de graduação ou pós-graduação, sem antes obter autorização junto ao MEC e CAPES.

​Ela faz a captação de centenas de alunos, cobrando mensalidades no valor de até R$ 500,00, e depois de alguns meses emite um diploma dando-lhe uma formação ilegal, entregando um diploma falso de Mestre ou Doutor. Assim, Débora recebe das vítimas valores correspondentes ao curso de Mestrado e Doutorado falsos, e depois cobra para emitir a falsa apostila de reconhecimento em nome de universidades brasileiras, garantindo estarem válidos também no Brasil.

​Nos Estados Unidos, a EDUCALER está sendo investigada por violação do Estatuto 1.005 da Flórida e do Código Administrativo 6E. No Brasil, Débora Araújo Leal enfrenta acusações de estelionato, falsificação de documentos públicos e privados, formação de quadrilha e associação criminosa.

​A quadrilha aproveita-se da burocracia e das dificuldades envolvidas no reconhecimento de diplomas estrangeiros no Brasil. Muitos profissionais que cursam mestrado e doutorado fora do país precisam validar seus diplomas em universidades brasileiras para serem reconhecidos e aceitos por órgãos públicos. Sabendo disso, Débora Leal oferece serviços fraudulentos de reconhecimento, utilizando documentos falsificados para simular o aval de instituições nacionais. Esses documentos são apresentados com todos os requisitos formais, incluindo apostilamento de Haia e cópias de diários oficiais, garantindo que sejam aceitos como verdadeiros.

​Agora, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo trabalham para identificar todas as vítimas dessa quadrilha. Enquanto isso, autoridades americanas também investigam Débora Araújo Leal, com o apoio do FBI e da Secretaria de Educação da Flórida, para responsabilizá-la pelos crimes cometidos em ambos os países. As investigações continuam e prometem revelar novos desdobramentos nas próximas semanas.

​O caso expõe as vulnerabilidades do sistema de reconhecimento de diplomas no Brasil e levanta preocupações sobre a eficácia dos mecanismos de controle e fiscalização. Universidades, empresas privadas e órgãos públicos agora estão em alerta para evitar novas fraudes e proteger suas empresas e instituições contra esquemas semelhantes no futuro.

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