Aracaju

Um dos maiores conglomerados de conteúdo do mundo, a Paramount está em processo de diminuir seus investimentos no mercado brasileiro —e na América Latina como um todo. O objetivo é focar mercados onde a empresa obtem lucro.

O novo direcionamento vem sendo adotado desde que a Skydance comprou a Paramount no ano passado por US$ 8 bilhões (R$ 43,9 bilhões na cotação atual). Nas últimas semanas, a troca de controle foi concluída internamente, após um período de transição.

Um reflexo disso já pode ser sentido no campo dos direitos de transmissão de futebol. A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e a agência FC Diez Media foram avisadas informalmente de que a Paramount não entrará nas negociações pelos direitos de transmissão da Libertadores e da Copa Sul-Americana para o ciclo ente 2027 e 2030.

O atual contrato para exibição de jogos no Paramount+ acaba ao fim de 2026. No Brasil, a operação até se pagou, mas houve forte prejuízo em outros países. Isso fazia com que o montante gasto com as competições não compensasse para a empresa.

No ano passado, no auge da crise, a Paramount cogitou abrir mão dos direitos dos eventos, mas desistiu após perceber que o valor da multa tornava essa atitude inviável.

Procurada por meio de sua assessoria de comunicação para comentar o assunto, a Paramount não respondeu até a última atualização deste texto.

FICÇÃO E REALITY

No Brasil, a Paramount não tem qualquer previsão de novos investimentos em séries de ficção para sua plataforma de streaming. Todos os lançamentos que ocorrerão nos próximos meses serão de produções de outros países.

Ainda em 2024, a empresa jogou fora a série “Cenas de um Crime”. Gravada em 2022, a produção era protagonizada por Débora Nascimento e Fabrício Boliveira.

“Cenas de um Crime” padeceu do mesmo problema que fez a Paramount jogar fora a quarta temporada já gravada do reality Rio Shore, da MTV, e que a fez retirar do catálogo as séries “As Seguidoras” e “Anderson Spider Silva”, que foi indicada ao Emmy no ano passado.

Por causa dos custos de manutenção de alguns produto em sua plataforma, a Paramount engavetou diversos projetos de ficção. A empresa entende que seus lançamentos não trariam retorno financeiro suficiente, segundo fontes bem posicionadas na empresa disseram à coluna.

Com relação a reality shows, até mesmo a sua produção de maior sucesso está ameaçada. A Paramount vai gravar uma nova temporada do De Férias com o Ex Brasil neste ano, mas a continuidade do programa em 2026 será avaliada. A edição deste ano está com baixa repercussão na MTV e no streaming.

VENDA NA ARGENTINA E CHILE

Se o Brasil a situação é difícil, na Argentina e no Chile é ainda pior. A Paramount está em busca de um comprador para a Telefe, emissora de TV aberta líder de audiência no primeiro país, e Chilevisión, uma das maiores redes do segundo.

O valor mínimo pretendido é de US$ 80 milhões (R$ 439,5 milhões) por cada uma. A negociação pela TV argentina está mais avançada, com um grupo de investidores locais. No Chile, não há interessados até o momento e o preço tem sido considerado alto para a realidade local.

Além da plataforma de streaming e de marcas como MTV e Nickelodeon, a Paramount também é dona de um dos estúdios mais importantes de Hollywood. Franquias como “Missão: Impossível”, “Top Gun”, “Transformers” e “Tartarugas Ninja”, assim como clássicos como “O Poderoso Chefão” e “Forrest Gump”, fazem parte de seu catálogo.