Natasha Lyonne e Rian Johnson estão de volta na Universal+ com a segunda temporada de “Poker Face”, série de casos policiais no estilo quebvra-cabeças cujo grande atrativo é a lista de atores e atrizes que fazem participações especiais a cada episódio.
Lyonne, uma das atrizes mais carismáticas no ar, interpreta a detetive Charlie Cale, cuja carreira bissexta entra em pausa quando ela se vê obrigada a fugir de mafiosos que descontentou na temporada anterior, exibida há dois anos. Nem por isso perde força o dom da personagem de detectar uma mentira assim que sai da boca de alguém —um poder que faz o roteiro avançar, mas não recebe nenhuma explicação nele. Querendo ela ou não, casos e crimes a desvendar continuam a pipocar pelo seu caminho
O espectador que acompanha a carreira da atriz (“Orange is the New Black”, “Boneca Russa”) sabe que ela está interpretando o mesmo tipo há algum tempo, quase uma personagem de si mesma: uma mulher desbocada e inquieta, bonita de forma singular, acostumada aos holofotes desde cedo, que já esteve próxima de morrer algumas vezes.
Entre seus talentos, está o de atrair amigos interessantes. Por isso não surpreende que a melhor coisa da série sejam os diálogos fluidos e meio fantásticos entre ela e gente como Cynthia Erivo, Giancarlo Esposito, Khumail Nanjiani, Steve Buscemi, Katie Holmes, Melanie Lynskey e Haley Joel Osment. Em 2023, estavam lá o oscarizado Adrien Brody, além de Chloé Sevigny, Joseph Gordon-Levitt e Ellen Barkin. .
Erivo, vista recentemente como a Elphaba da versão cinematográfica de “Wicked”, aparece no divertido episódio de estreia como um grupo de irmãs gêmeas cuja mãe, agora à beira da morte, enriqueceu explorando seu trabalho na infância em uma série sobre uma criança policial (sim, “Poker Face” é cheia de absurdos possíveis, e nenhum personagem parece plenamente ajustado à vida em sociedade). A participação serve para aquecer seu talento cômico e sua versatilidade vocal, sem explorar demais seu potencial
Já Holmes, que não aparecia em uma série de TV havia dez anos, é a dona de uma funerária que desaparece quando pretendia mudar sua vida. Esposito, imortalizado como o vilão maior de “Breaking Bad”, interpreta seu peculiar marido.
Os crimes a serem desvendados, ou a aposta em qual a próxima bizarrice que acontecerá com a personagem, são um passatempo divertido e despretensioso. Mais interessante é ver como cada um dos convidados aparecerá em cena e apreciar as conversas que eles terão com Charlie. O fato de a personagem estar em fuga também dá pretexto para que a série seja construída como “road movie”, levando o espectador a cantos ainda não superexpostos dos Estados Unidos, dando uma graça especial à coisa toda.
Em algum momento, é verdade, a fórmula vai cansar, como sempre acontece com o que Johnson faz (ver: franquia “Knives Out”). Por isso, a ideia de soltar um episódio por semana, a conta-gotas em vez de em bloco para maratonar, funciona bem neste casoi. Ainda que haja uma espinha a unir todas essas partes, elas também podem ser vistas e compreendidas de forma isolada.
Até que o enfado chegue , dá para se entreter bem com Charlie e seus amigos.
A segunda temporada de “Poker Face”, com 12 episódios, vai ao ar semanalmente, às sextas, no Universal +
Fonte ==> Folha SP