São Paulo
O tempo voa. 30 anos se passaram e chegou a hora de Tom Cruise dar baixa na sua carteirinha de espião na franquia “Missão: Impossível”. Foram oito filmes, dos 32 aos 62 anos de idade de um astro de Hollywood que, como Bruce Willis, é duro de matar.
Em 1996, ano do primeiro filme, Tom ainda era casado com Nicole Kidman –agora, já está separado dela há 25 anos. Enquanto ela procurou projetos mais maduros, Tom passou todo esse tempo brincando de espião –e isso talvez diga bastante coisa sobre o nível de maturidade dos homens e das mulheres. Mas tudo bem: brincar também é bom, e a despedida da franquia entrega o que os fãs esperam.
É bom lembrar que “Missão: Impossível – O Acerto Final”, que estreou em Cannes com Cruise no tapete vermelho, foi filmado junto com o filme anterior, “Acerto de Contas – Parte Um”, de dois anos atrás.
Se este deixou várias pontas soltas, um grande problema do último é justamente passar mais de uma hora jogando flashbacks para quem não viu ou não lembra do filme de 2023, e também explicando a dura missão que Ethan Hunt e sua equipe têm pela frente.
Antenado com os novos tempos, o maior vilão de “O Acerto Final” não é o maquiavélico Gabriel (Esai Morales), mas a Entity, um grande sistema de Inteligência Artificial que pretende acabar com a humanidade e, assim como Donald Trump, Elon Musk e Steve Bannon, já reúne uma legião de fanáticos em sua defesa.
Sem grandes spoilers, para destruir esse sistema, Ethan vai encarar as missões de sempre, seja num submarino a quilômetros de profundidade ou num aviãozinho desgovernado em pleno ar, numa boa referência ao “Intriga Internacional” (1959) de Hitchcock.
Presidente reeleita
São ótimas cenas de ação que não nos deixam nem piscar, mas convenhamos: é difícil apresentar algo realmente original depois de oito filmes em que Ethan já passou de um tudo. Para compensar o ser alaranjado que ocupa a Casa Branca, Angela Bassett, uma mulher negra, aparece pela segunda vez neste ano como a presidente dos EUA –a primeira foi na ótima série “Dia Zero”, da Netflix, com Robert De Niro.
Como Hollywood é igual filme de zumbi, em que tudo pode ressuscitar a qualquer momento, conhecemos a lógica. Se “O Acerto Final” for muito bem de bilheteria, nada impede que os produtores retomem a franquia com um novo ator, como já aconteceu com “Rocky”, “Batman”, “Superman” e tantas outras. Se esse for o caso, o belo Greg Tarzan Davis, que vive Degas, um dos agentes da equipe de Hunt, tem grandes chances de tomar o bastão.
Afinal, é preciso admitir: com grandes cineastas em seus primeiros anos (Brian De Palma, John Woo, J.J. Abrams) e o carisma de Tom Cruise, Ethan Hunt atravessou essas três décadas em melhor estado de saúde do que James Bond.
“Missão: Impossível – O Acerto Final”, de Christopher McQuarrie
Estreia na próxima quinta (22) nos cinemas
Fonte ==> Folha SP