Cada vez mais pessoas relatam dificuldade em lidar com emoções, seja no trabalho, nas relações pessoais ou diante das pressões do dia a dia. A habilidade conhecida como inteligência emocional, que envolve reconhecer, compreender e regular sentimentos, parece ter entrado em crise e passou a se tornar cada vez mais um “artigo de luxo”, mas por que?
Para a auditora e pesquisadora do CPAH, Flávia Ceccato, isso não é por acaso. “Vivemos um momento histórico de excesso, excesso de redes sociais, excesso de informações, de estímulos externos e, ao mesmo tempo, um esvaziamento das relações significativas. Isso compromete a forma como nos conectamos conosco mesmos e com os outros”, explica a especialista.
Inteligência emocional x inteligência existencial
A inteligência existencial, conceito proposto por Howard Gardner, vai além da cognição tradicional e envolve a capacidade de refletir sobre propósito, significado e existência. Diferente da inteligência emocional, que foca no reconhecimento e gestão das emoções, a existencial aprofunda a compreensão sobre quem somos e por que estamos aqui.
Segundo Gardner, ela conecta experiências a escolhas conscientes, funcionando como uma bússola para decisões complexas. Pesquisadores atuais, como Flávia Ceccato em seu livro “Descobrindo a Inteligência Existencial: Ferramentas, Insights e Implicações”, ampliam essa visão, propondo critérios objetivos e novas abordagens em neurociência para estudar essa dimensão fundamental da mente humana.
Mais sobrecarga do que podemos suportar
De acordo com ela, a inteligência emocional é construída a partir da autopercepção, empatia e capacidade de regulação, mas quando a mente está constantemente saturada por notificações e comparações sociais, essas competências enfraquecem.
“O cérebro humano não foi projetado para lidar com tanta sobrecarga emocional e cognitiva. Esse fluxo contínuo gera ansiedade, impulsividade e uma sensação constante de inadequação, um vazio existencial”, acrescenta.
Além do impacto das redes sociais, a pesquisadora aponta outro fator: a falta de espaço para desenvolver habilidades socioemocionais.
“As pessoas priorizam conquistas externas e resultados imediatos, mas não investem em autoconhecimento, sem isso, fica impossível gerenciar sentimentos de forma saudável”, alerta.
Para recuperar o equilíbrio, Flávia Ceccato sugere práticas simples, como limitar o tempo online, cultivar conversas significativas e investir em técnicas de autorregulação, como respiração consciente, mindfulness e o suporte de um profissional da saúde mental.
“Inteligência emocional não é inata, é treinável. O problema é que estamos treinando justamente o oposto: reatividade e dispersão”, conclui.
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Rafael Damas | 15:00 – 02/09/2025