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Quem não mesmeriza fica para trás – 02/03/2025 – Ronaldo Lemos

A imagem mostra uma grande multidão reunida em um evento festivo ao ar livre. As pessoas estão vestidas de forma colorida e alegre, algumas usando acessórios como leques e orelhas de coelho. A cena é iluminada por luz natural, com sombras projetadas, criando um contraste entre as áreas iluminadas e as mais escuras. A atmosfera é vibrante e cheia de energia.

No século 18, o austríaco Franz Mesmer propôs a teoria do “magnetismo animal”. Ele acreditava que uma força invisível fluía entre os seres, sendo capaz de curar ou causar doenças. Para manipular essa força, ele aplicava ímãs e imposição de mãos. Usava também uma banheira em cujo redor até 12 pessoas se sentavam segurando uma haste de ferro.

Nas sessões, muita gente entrava em surto, com tremores, risos descontrolados, choros, convulsões ou euforia. Curiosamente, as práticas levavam a melhoras nos pacientes. A ponto de em 1784 uma comissão formada por Lavoisier e Benjamin Franklin ter sido formada para avaliar a questão. A conclusão foi que não havia bases científicas para o “magnetismo animal”. Mas os efeitos terapêuticos eram reais.

Mesmer passou a ocupar um lugar curioso. Para uns, pioneiro, para outros, charlatão. Ganhou até palavra própria: mesmerizar, sinônimo de “causar grande fascínio”.

Corte para 2018. Uma influenciadora britânica chamada Evie Meg alcança milhões de seguidores. Seu perfil chamado This Trippy Hippie retrata sua vida com síndrome de Tourette e outras condições neurológicas. Uma de suas características são tiques que ela repete nas postagens. Dentre eles, gritar palavras inesperadas (como “feijões”), fazer estalos com a língua, movimentos repentinos dos braços, bater no peito e piscar repetidamente.

Corte para 2021. Clínicas psiquiátricas no mundo todo começam a notar um aumento incomum de tiques incontroláveis entre adolescentes de vários países. Entre os sintomas, está estalar a língua, bater no peito e gritar “feijões”. Equipes médicas no Canadá, na França e na Alemanha concluem que o “paciente zero” é Evie Meg. Alguns batizam os portadores de tiques de “evies”. Até na remota ilha de Santa Helena uma evie é diagnosticada (a garota não parava de gritar “feijões”).

Os médicos concluem que se trata de uma nova “doença psicogênica de massa” (MPI). Sua forma de contágio não é o ar, a saliva nem o toque. É a internet. O magnetismo animal pode não existir. Mas o contágio social existe. Evie Meg não é única. O influenciador alemão Jan Zimmermann é outro caso semelhante. O contágio social existe e pode sim acontecer pela internet. Mesmer usava rituais elaborados e objetos como ímãs, limalha de ferro e espelhos para “influenciar”. Apesar de o magnetismo animal que ele propôs não parar de pé, ele detectou e instrumentalizou algo totalmente real. Merece respeito.

As repercussões dessa dinâmica de contágio são profundas. Têm desdobramentos não somente fisiológicos mas políticos e ideológicos. Em grande medida, fazer política no mundo de hoje é desencadear dinâmicas de contágio. Em outras palavras, mesmerizar. Quem não mesmeriza é mesmerizado. Parafraseando Oswald: Lei do homem, versão 4.0: só o mesmerismo nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Já o magnetismo animal talvez também exista. É só observar a beleza do Carnaval no Brasil!

Já era – Apelar politicamente para a razão

Já é – Apelar politicamente para a emoção

Já vem – Apelar politicamente para o subconsciente (“mesmerizar”)





Fonte ==> Folha SP

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